(De Romances de Cafundós/1992)
O olhar dessa guria,
quando espia uma novela,
uma vez nem se alumia,
outra vez brilha na tela;
é que ao fundo do recanto
do seu coração de atriz
há razões de olhar em vão
e há paixões de olhar feliz.
O olhar dessa guria,
quando espia a própria vida,
quer mudar de fantasia
e alcançar outra avenida
pois se um dia a sentinela
se distrai pela canseira,
ou a gente abre a janela
ou se queda prisioneira.
Nativa flor
que ainda não sei nem tive
– um cantador precisa sempre
de olhos livres